Fisiculturista santa-mariense morto em Chapecó era vigiado pela esposa, aponta investigação

A Polícia Civil de Chapecó concluiu o inquérito sobre o assassinato do fisiculturista e personal trainer santa-mariense Valter de Vargas Aita, 41 anos, e apontou que o crime foi motivado por ciúmes. De acordo com a investigação, a esposa dele, Andrea Carvalho Aita, 43 anos, monitorava o marido a partir de buracos que teria feito nas paredes do apartamento do casal para observá-lo enquanto ele usava o celular, numa tentativa de confirmar uma suposta traição.

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O delegado Deonir Moreira Trindade, responsável pelo caso, afirmou que Valter ainda conseguiu sair do imóvel em busca de ajuda, mas acabou caindo inconsciente na escadaria do prédio. “Ele tentou pedir socorro, mas não aguentou. Foi um crime extremamente brutal”, disse. Segundo o inquérito, Andrea já havia enviado mensagens com ameaças ao companheiro e expressado mais de uma vez o desejo de matá-lo.

O caso, de grande repercussão em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, agora segue para o Ministério Público, que analisará a denúncia para levar a suspeita a julgamento no Tribunal do Júri.

Relembre o caso

O crime ocorreu em 7 de setembro de 2025, no centro de Chapecó (SC). A perícia constatou que Valter foi atingido por 21 facadas, sendo seis delas no rosto. A primeira, desferida na jugular, teria ocorrido de surpresa, enquanto ele ainda acordava, impossibilitando reação inicial. Mesmo ferido, o fisiculturista tentou escapar, mas foi atacado novamente nas escadas do prédio. Além das perfurações no pescoço, tórax, abdômen, braços e pernas, havia sinais de mordidas e arranhões.

Mensagens, áudios e imagens recuperadas pela polícia mostraram que Andrea desconfiava de traições e perseguia o marido, chegando a enviar fotos dele dormindo como forma de vigilância. Em conversas, ela também utilizava emojis de faca ao ameaçar a vítima.

Andrea se feriu durante a briga, mas recebeu alta do hospital e foi encaminhada ao Presídio Feminino de Chapecó, onde está presa, segundo o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Ciúmes

De acordo com o portal ND+, uma amiga de Valter, que trabalhava com o fisiculturista, relata que o conheceu em agosto, em uma academia de Chapecó, e que ele relatava estar solteiro. 

“Nós tínhamos uma parceria ótima, e aos poucos ele foi compartilhando comigo sonhos e planos. Ele dizia estar solteiro, o que nos surpreendeu quando soubemos que era casado”, contou.

Prisão da suspeita

Antes do homicídio, Andrea estava foragida da Justiça por uma condenação por latrocínio (roubo seguido de morte), cometido em 2019 no Santa Maria, com pena de 15 anos de prisão. Agora, ela responderá por homicídio doloso qualificado por motivo fútil e por dificultar a defesa da vítima, pela morte de Valter.

Natural de Santa Maria, Valter Aita era um nome conhecido no fisiculturismo, com seis títulos estaduais e o vice-campeonato mundial da World Fitness Federation em 2024. Em 2017, concedeu entrevista ao Diário após a conquista do Campeonato Gaúcho de Fisiculturismo, em Novo Hamburgo. Leia aqui.